Profissionais especialistas da área econômica dão orientações para não se endividar durante os dias de festa. Preços de pacote de viagens podem estar até 80% mais caros
Mesmo que esteja tudo pronto para o carnaval, é importante se preocupar com as finanças, para não ficar no vermelho depois de curtir a folia. Quem não planejou nada e pretende comprar pacotes de viagens deve encarar uma difícil missão pela frente, já que a esta altura, os preços saltaram 80% e há poucas opções.
De acordo com especialistas, a solução para a ressaca não ser ainda maior na quarta-feira de cinzas é planejar os gastos com antecedência e saber exatamente quanto pode gastar durante a festa.
Caso queira desfilar e ainda não comprou fantasia ou os famosos abadás, melhor pensar muito bem antes dessa decisão, pois de última hora estes preços são mais altos. Segundo a educadora financeira e coach, Ana Santhos, a primeira medida a se tomar antes da diversão é verificar a sua situação financeira.
“Estamos saindo de um início de ano, em que houve diversos gastos, como material escolar dos filhos, IPVA, e outros. É importante que o folião realmente estabeleça um limite de gastos, pois há vida após o carnaval, e as contas vão chegar. Se não puder ir ao clube, evento, ou viajar para onde gostaria, há alternativas. Junte a turma em casa, faça alguma brincadeira. Verifique como está o seu bolso e os seus cartões antes de decidir. Depois disso, pense: ‘para onde eu posso ir, sem estourar meu orçamento nos próximos meses?’. É bom que se pense nisso antes de tomar os primeiros goles”, brinca.
De acordo com a especialista, existem regras fáceis de serem adotadas para evitar dívidas, como observar o uso do cartão de crédito e estipular um valor a ser gasto por cada membro da família.
“A regra básica na hora do uso do cartão de crédito é gastar o limite menor do que aquilo que você ganha, pois normalmente os limites são superiores aos salários, e nesses períodos, a tendência é estourar o cartão, deixando em risco o uso para as demais necessidades. Outra ação é ver o número de pessoas na família e determinar quanto poderá ser gasto por cada um e o valor correspondente a cada dia”, explica.
Ela destaca que também é possível poupar na hora da escolha da fantasia.
“É bom estabelecer um limite de cartão de crédito nesta situação, evitar levar dinheiro vivo para a rua, porque dinheiro se gasta mais rápido e corre o risco de se perder, e fazer uma previsão do orçamento para todos os dias, pois sempre que se deixa para última hora, se paga mais caro por isso, e algum item vai precisar sofrer cortes. Pode economizar na bebida, que em excesso prejudica a saúde física e financeira. Normalmente é mais econômico mandar fazer a fantasia para foliar, pois as prontas têm preços mais altos, mas se o tempo é curto, aproveite a própria roupa que tem e use a criatividade. Dá também para alugar o vestuário. Talvez não se consiga aquela vestimenta que desejava, mas pode ser uma forma de economizar”, sugere.
Quanto ao gasto com alimentação e bebidas no carnaval, a educadora financeira aconselha que, se possível, a pessoa leve um isopor e compre com antecedência os produtos que vai consumir.
“Faça um pequeno estoque, porque bebida sempre sai muito mais caro na hora e na mão dos ambulantes. Têm aquelas bolsas térmicas, pede para um colega deixar no carro, e leva uma determinada quantia para outros gastos”, recomenda.
Viagens – Quem não se planejou e deixou para a última hora a compra de pacotes turísticos, especialmente para destinos badalados, provavelmente, vai pagar preços mais altos.
“Agora já está complicado, porque não há mais preços bons. O ideal é buscar pacotes de viagens com cinco meses de antecedência, para não sofrer com o preço dos passeios. Hoje os valores estão 80% mais caros e não há as opções preferidas pelo público, como as excursões de navio ou avião”, explica Elizabeth Gadelha, agente de viagens da Titur Câmbio e Turismo, que atende em Itaipu e no Centro de Niterói.
Ela afirma que só restam as de transporte rodoviário para cidades históricas do Brasil, como Campos do Jordão, Vitória, saindo por aproximadamente R$ 1,3 mil.
“Hoje as saídas para a região Nordeste do País, preferidas pelos foliões, já custam de R$ 2,8 mil para cima, e para Buenos Aires, outra escolha frequente de quem pretende viajar no carnaval, se houvesse vaga, estaria em torno de US$ 800 (cerca de R$ 1,9 mil)”, revela Elizabeth
Quem quer viajar para fugir da confusão do período, pode verificar o preço de pousadas e albergues.
“Há estabelecimentos que oferecem cama e café da manhã, cobrando um valor menor apenas para a pessoa dormir. Na região serrana do Rio, há diversos lugares isolados com preços mais em conta. Se houver crianças, dá para comprar antes iogurtes e biscoitos, entre outros itens, que podem estar custando mais alto nas cidades visitadas, nessa época”, ensina a educadora financeira Ana Santhos.
Bebidas podem sair 400% mais em conta nos supermercados
De acordo com o analista financeiro e fundador do Instituto Coaching Financeiro, Roberto Navarro, a hora de beber é um momento perigoso para o bolso do consumidor, especialmente no carnaval.
“Os preços estão abusivos e parte do comércio aproveita esse momento. A dica é comprar no supermercado. A economia pode chegar a 400%. Planejar junto com os amigos e levar os comes e bebes do supermercado vai economizar muito. Já sair de casa tendo jantado, ou feito uma refeição, seja o almoço, café ou janta, ajuda. Assim, a fome é menor na rua, onde é preciso consumir somente em última necessidade. Este é um ponto importante até para o comércio aprender a reduzir os preços, pois se continuarmos a consumir forte, os valores não serão reduzidos”, enfatiza.
O analista lembra ainda que é preciso tomar cuidado para que a folia não se transforme em uma “folia financeira”.
“É uma festa de cinco dias que pode se arrastar pelo ano todo. Planejamento é fundamental, é preciso separar um recurso que não vai faltar depois, para pagar as contas do mês. Ao sair, leve o dinheiro contado programado para o dia, pois o risco de exagerar é muito grande, já que durante a folia estamos debaixo de uma forte tensão emocional, seja ela pela alegria ou pela bebida, o que faz gastar de forma compulsiva”, comenta.
Segundo Navarro, para quem não planejou nada, o ideal é ir para um local onde a pessoa tem amigos, familiares e conhecidos que possa desfrutar da hospitalidade, assim não estoura o orçamento.
“Caso pretenda viajar e não tem essa opção, e o dinheiro está curto, lembre-se que a dívida para a folia não compensa. Se está sem dinheiro, é melhor utilizar a criatividade e curtir em casa com a família. Na fantasia também pode se utilizar maquiagem, roupas que não usa mais, e assim criar até uma competição entre amigos e familiares para ver quem tem maior estilo, dar notas por fantasia criada com produto usado. Fica divertido e econômico”, conclui.
(Fonte: O Fluminense)